domingo, 6 de fevereiro de 2011

Um Gato



Um Gato

 Era uma empresa como qualquer outra. Talvez com um prestígio um pouco mais elevado, mas ainda assim uma empresa comum. Eis que um dia apareceu um gato. Ficava o bicho na porta, com seus meigos miados e olhos de filhotinho carente. Quem por ali passava e via o gato se enternecia.
            Dias passaram e o gato continuava sentado em frente da porta. Gente entrando, gente saindo, e o gato assistindo a tudo com muito cuidado. Ora jogavam-lhe migalhas de pão e ele ali ia ficando. Numa reunião entre os funcionários, decidiram adotar o gato.
            A princípio, ele ficava numa área de serviço na parte de trás da empresa. Dividia o espaço com algumas plantas, mas parecia feliz. Tinha sua própria casinha, um pires com leite e um pratinho com atum. Vez ou outra aparecia alguém num momento de folga para mimá-lo.
            Com o decorrer do tempo, o gato se tornou membro da empresa. Deu que com isso ele começou a ter obrigações: punham-no para caçar ratos, usavam-no como espanador, impunham-no a vigiar a empresa durante a noite. E se não era bem sucedido em seu serviço, tiravam-lhe parte da comida e davam-lhe tapas no focinho. Então o gato fugiu.
            O pequeno felino simplesmente desapareceu; sem despedir, foi embora. Logo que sentiram sua falta. Já não havia mais quem lambesse suas mãos, quem pulasse em seus colos, quem roçasse em suas pernas. A empresa voltou a ser como outra qualquer. Talvez agora com um prestígio um pouco menos elevado.
            Surpresa foi que o gato voltou. Após alguns dias sumidos, ele decidiu dar a cara na empresa novamente. Quando viram e reconheceram o rabo rajado, fizeram a festa. O gato, a partir de então, passou a ser tratado com leite de cabra e salmão. Decidiram também dar um emprego remunerado a ele. E, só pelo fato de o bichano fazer-se fielmente presente, iam promovendo-o. Passou de recepcionista a executivo; de executivo a gerente; e de gerente a presidente.
            Os demais funcionários tornaram-se submissos a ele. Tudo, exatamente tudo naquela empresa precisava da autorização do gato para ser feito. Aconteceu que, por não conseguir segurar a caneta, o gato não pôde assinar a folha de pagamento dos funcionários. Com isso, ninguém mais recebia salário.
            Passaram semanas, passaram meses, passaram anos. Todos, como antes, trabalhavam arduamente, sob as ordens do gato. Até que um dia um dos telefonistas, cansado de não ser pago pelo serviço prestado, entrou na sala presidencial e atirou um pau no gato, acabando com as sete vidas do bichano. Terminou que este um foi preso e torturado pelo crime cometido.

Enviado pelo Colaborador J. P. Hergesel

7 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Parabéns J.P. Comentários Fantásticos do seu Texto no Twitter.
    Façam como ele mande para sabesela@live.com o seu texto postaremos ele aqui no Sabe-se Lá.

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  3. Um final mto tragico neeh , eles colocaram o gato laa entao ele nao podiam matar o gatoo

    Mais mto legal

    Bejoos

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  4. Desculpe J.P., acho que não compreendi o que esse texto quer realmente dizer, principalmente nos três últimos parágrafos. Não faz muito sentido uma empresa inteira ser submissa à um gato, não é? Está certo que se trata de uma ficção, porém, nesse caso o texto se tornou ordinário demais e não se pode tirar uma conclusão dele.
    Se o seu texto terminasse na frase " O gato, à partir de então, passou a ser tratado com leite de cabra e salmão" , ele faria muito mais sentido e quem o lesse poderia tirar uma "moral da história", como se fosse um exemplo de fábula.
    Apesar disso, o texto é muito bom J.P., a narrativa é muito bonita. Parabéns e continue escrevendo.

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  5. "Atirei o pau no ga-to-to mas o ga-to-to..
    muito bom JP. Vou escrever umas coisas absurdas nessa linha tbm.

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